
Consulta de Mulher
Uso do melhor método anticoncepcional deve ser avaliado com o médico
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Por: Marina Cabral

Segundo a Febrasgo, cerca de 25% das mulheres brasileiras já tomou uma pílula anticoncepcional
Evitar uma gravidez indesejada, controlar os hormônios ou não querer menstruar. Seja qual for o motivo, mulheres adoram a pílula anticoncepcional desde os anos 1960. De acordo com a Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia, cerca de 25% das mulheres brasileiras já tomou a pílula.
Laura Baracuhy já foi uma delas. Ela teve a primeira indicação para começar a utilizar a pílula aos 12 anos de idade, devido a irregularidade menstrual. Em uma consulta com a ginecologista, a médica sugeriu o uso da pílula para tratar a síndrome do ovário micropolicístico.
“Minha mãe ficou assustada e insistiu para que eu tomasse as pílulas porque (só descobri muitos anos depois) minha tia também tinha e recebeu diagnóstico de infértil. Mas eu não queria saber, eu achava um saco tomar pílula, nem fazia sexo, pra mim não fazia sentido. Esquecia de tomar e sentia que me deixava inchada. Ganhei peso. Aí parei com menos de 6 meses de tratamento.. aceitei que meu ciclo ia ser irregular mesmo e tudo bem, porque eu nunca tive problema com cólica, acne ou outros sintomas de tensão pré-menstrual”, conta.
Veja também: Síndrome do Ovário Policístico é comum em mulheres de idade fértil
Quando Laura se tornou sexualmente ativa, não menstruar a deixava aflita. Então ela procurou uma nova médica, mas a pílula não foi uma boa opção.
“Nesse tempo eu estava sofrendo muito com crises de gastrite, meu estômago era muito sensível. Não conseguia manter a pílula dentro, sempre vomitava. Passei a usar adesivo e deu certo por uns 3 anos. Coçava, era caro e eu tinha que explicar toda vez que ia transar o que era aquilo, mas fez seu trabalho”, afirma.
Relação médico-paciente
De acordo com a ginecologista Verônica Mendonça o contraceptivo deve ser escolhido durante a relação médico-paciente, no consultório. As opções no mercado precisa ser adequadas ao objetivo da paciente.
“Embora a pílula seja o contraceptivo mais convencional, existem outras formas de se proteger, como a injeções, adesivos e implantes subcutâneos. Todas essas formas, evitam a gestação indesejada como também injetam quantidades de hormônio no corpo feminino. Dependendo do desejo da paciente, seja ele um método contraceptivo comum, para quem está amamentando ou para quem quer se livrar das acnes, o médico vai indicar o produto com melhor dosagem”, afirma.

Existem vários contraceptivos disponíveis no mercado, a conversa com o ginecologista pode ajudar a decidir qual o melhor caminho a seguir (Infografia: Bruna Cairo/Revista Consulta)
Em 2017, Laura voltou a tomar a pílula. A nova medicação deu certo e não a incomodava. Entretanto, após três anos de uso contínuo, apenas com uma semana parada, ela decidiu parar o uso do remédio.
“Resolvi parar porque estava afetando minha libido. Eu me sentia morta por dentro. Fiz todos os exames e não deu outra: taxas alteradas, provavelmente pelo uso contínuo do anticoncepcional. Falei pra minha médica que eu tinha vontade de deixar já há muitos anos mas todas as profissionais com quem eu me consultava diziam que não havia outra maneira: pílula ou engravidar pra controlar os hormônios. Essa médica não. Ela disse que ia ser bom pra mim dar uma pausa e me receitou um outro remédio pra ajudar na transição. Ainda estou no início, mas parece que voltei a sentir 3 anos de emoções reprimidas em 3 dias. Quero chorar por tudo”, relata.

Apesar dos efeitos colaterais, a pílula não é maléfica ao corpo feminino.
Prós- e contras
A pílula tem efeitos colaterais. Os mais comuns são enjoos, náuseas, vômitos, dor de cabeça, sangramento irregular. Além disso, ela também pode provocar trombose. Por isso que pessoas com antecedente de tromboembolismo, doença hepática grave, câncer de útero ou de mama não são indicados a fazerem uso do remédio.
“Quando você lida com hormônios, é preciso ter cuidado. Um dos maus exemplos é a mistura de anticoncepcional com pílula do dia seguinte. Um exclui a necessidade do outro, muito também pela alta carga de hormônios. Quem toma a pílula do dia seguinte, tem que esperar a menstruação”, aponta a médica.
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Apesar da responsabilidade de tomar todos os dias a pílula, dos vômitos e da agora alta sensibilidade, Laura não se arrepende de ter tomado o contraceptivo.
“Se eu tivesse engravidado seria pior. Sei que existem outros métodos contraceptivos, mas com a informação que eu tinha na época, esse foi o mais acessível pra mim e o que eu mais tinha controle sobre. Talvez aos 19 eu pudesse ter colocado um diu mirena, mas nessa época nem sabia que existia. Se eu tivesse uma filha em idade fértil, sem cistos e sexualmente ativa eu com certeza indicaria diu de cobre pra ela”, relata.
Para a ginecologista, embora o anticoncepcional tenha efeitos colaterais e contraindicações, ele ainda é um bom remédio a favor das mulheres.
“Não dá para dizer que ele é ruim. A pílula anticoncepcional não causa câncer, nem infertilidade. Além disso, hoje em dia, é bastante segura. Mas a gente precisa entender que todo método tem seus problemas. O DIU, por exemplo pode ficar mal posicionado, ter sangramento, expulsão porque o organismo o identificou corpo estranho. Tudo depende da indicação”, afirma Verônica.